Ao chegar em Sedona, nas montanhas do Arizona, me dirigi à casa de Canção Estrelada, o xamã que tinha o dom de perpetuar a filosofia ancestral do seu povo através de músicas e histórias. Ao estacionar o carro, notei que ele conversava com uma mulher na varanda. Eu a conhecia. Era a Nascha, uma respeitada anciã Navajo. Sua reconhecida sabedoria a fizera integrante do Conselho dos Anciões, órgão de representatividade máxima entre os povos originais norte-americanos. Hesitei em me aproximar. Não queria atrapalhar a conversa. Ao me ver, Canção Estrelada sorriu e fez um gesto com a mão para eu entrar. Fui recebido pelo xamã com um forte abraço, como demonstração de amizade e alegria pelo reencontro. Nascha me brindou com palavras doces e um lindo sorriso. Com cerca de setenta anos de idade, duas tranças no cabelo, um elegante vestido estampado com desenho étnicos, olhos castanhos esverdeados e pele morena, ela encantava pela beleza dos seus traços e estilo. Era extremamente simpática e bem-humorada, como são os espíritos de luz. “Gente ranzinza não cabe nas Terras Altas”, ensinava Canção Estrelada em suas palestras. Ela comentou que realizariam um pequeno cerimonial no dia seguinte e que eu seria muito bem-vindo. Agradeci o convite e, claro, confirmei a presença. Ela me ofereceu um sorriso sincero e acolhedor. Aproveitei para mostrar a minha admiração pela sua enorme sabedoria. Ninguém faz parte do Conselho se não for possuidor de um grande conhecimento sobre os mistérios da vida, comentei. Nascha tornou a sorrir e ponderou: “Não há nenhum valor em possuir um grande conhecimento. O valor surge à medida que conseguimos usar o conhecimento que possuímos. Ao contrário do que muitos imaginam, eu sei muito pouco. Se tenho algum valor, reside no esforço de não esquecer de usar o pouco que sei em todas as situações que vivo. Como as situações nunca são iguais, aprendo todos os dias um pouco mais. Acredito que esse hábito tenha me habilitado ao Conselho, já que não detenho nem uma pequena fração da sabedoria dos demais integrantes”. Por sua simplicidade, Nascha encantava com a beleza da sua luz.
Perguntei se mais alguém participaria do cerimonial. Nascha respondeu que se destinava a um grupo de jovens. Indaguei se havia algum motivo específico. O xamã esclareceu: “Eles serão apresentados às quatro flechas do espírito”. Fiquei esperando que algo fosse acrescentado, mas nada mais foi dito. Tentei tirar alguma informação, ao questionar os objetivos dessas flechas. Canção e Nascha se entreolharam sem dizer palavra. Em seguida, sempre com um sorriso nos olhos, a anciã se despediu e foi embora. Depois, o xamã me convidou para ir a Flagstaff, uma aprazível cidade há menos de uma hora de carro. Fomos conversando pela linda estrada que atravessa as montanhas. Eram tantos assuntos que não notamos o tempo passar. Entramos na Barnes & Noble antes de almoçar. Heitor, o monge argentino, irmão de alma, escritor e psicanalista, também monge da OEMM, encomendara quatro livros de contos inéditos da Agatha Christie, descobertos pela família após a autora se retirar da estrada do tempo. Tinham sido publicados havia poucas semanas. Almoçamos quase na hora de jantar em uma antiga cervejaria, onde assistimos à apresentação de uma banda de rock formada por amigos do xamã.
Após o show, vieram cumprimentar Canção Estrelada. Um deles se sentou à mesa conosco. Era o John, guitarrista do grupo. Apesar da alegria de encontrar com o xamã, uma inegável amargura estampava as feições do músico. Sem que eu nada perguntasse, bebeu uma dose de gim enquanto me contava a sua história. Era evidente a sua necessidade de falar, como maneira de extravasar a insuportável pressão interna causada por uma sequência de incompreensões, raiz de todos os sofrimentos. Abandonara a faculdade de arquitetura para se dedicar à música. Tinha um sonho comum à sua geração. Desejava se tornar um popstar, fazer parte de uma banda famosa, vender milhões de discos, viajar o mundo, se apresentar em estádios para dezenas de milhares de pessoas. Nascera para o estrelato, afirmou sem medo de errar. Tanto, que nos anos 1980, quando completara trinta anos de idade, fora convidado para substituir o guitarrista de uma banda de muito sucesso em uma turnê por diversos países. Teve o talento reconhecido tanto pelo público como pela crítica. Sendo assediado nas ruas pelos fãs, requisitado para entrevistas na televisão e convidado para festas exclusivas, a ponto dos demais músicos do grupo sentirem ciúme. E os velhos amigos ficarem com inveja. Foi um período curto de muita fama e dinheiro, mas também de muitas brigas e confusões, confessou. Então, preferiu se desligar do grupo para montar a própria banda. O antigo grupo mais atrapalhava do que ajudava em sua escalada rumo ao sucesso. Não tinha dúvida de que daria certo, pois, não carecia de vontade nem de talento. Seria a estrela maior da nova banda. Investiu tudo que ganhou. Contudo, por influência dos antigos companheiros, foi boicotado pelas gravadoras e sabotado pelos produtores. Nunca conseguiu um bom contrato nem as necessárias condições para divulgar o seu trabalho. Terminou por se endividar com os bancos. Uma dívida que nunca conseguiria quitar. Passados quase quarenta anos, ninguém nas ruas o reconhecia mais. Restava fazer apresentações em bares onde as pessoas estavam mais interessadas na bebida do que na música. Sentia-se injustiçado e abandonado, declarou. Fomos interrompidos por um funcionário da cervejaria. Estava na hora de começar a segunda parte da apresentação. Canção Estrelada disse que precisávamos retornar a Sedona. Tínhamos de acordar cedo por causa de um compromisso pela manhã. Convidou John para ir a sua casa. Queria conversar mais com o músico. Despedimo-nos e fomos embora. No caminho de volta, comentei como a vida fora severa com o John. O xamã ponderou: “Você escutou a leitura que ele faz quanto a própria vida. Faz com os olhos que possui. É a versão que sinceramente acredita. A melhor que consegue aceitar ou aquela que lhe é conveniente. Não significa ser a verdadeira. Por isto sofre tanto”. Franziu as sobrancelhas e pontuou: “Você teve a oportunidade de presenciar como funcionam as quatro flechas do espírito”. Em seguida, questionou: “Entendeu?”. Atônito, falei que não. Ele nada acrescentou.
No dia seguinte, acordei cedo e me preparava para subir as montanhas, quando fui informado que o ritual aconteceria no quintal da casa. Nascha já tinha estendido várias mantas coloridas pelo gramado para os jovens se sentarem. Estranhei que um cerimonial mágico fosse realizado em um lugar tão comum. Canção Estrelada explicou: “Magia é transformação. As que verdadeiramente importam são aquelas que acontecem dentro da gente. Tudo mais é forma sem conteúdo. Transmitiremos aos jovens um conhecimento ancestral de imensurável valor. O conhecimento fornece as chaves de muitos portais. Aproveitar a oportunidade e fazer bom uso está de acordo com a capacidade e a responsabilidade de cada um. A isto denominamos maturidade, que nada tem a ver com a idade, mas com o progresso espiritual”. Sem demora, eles começaram a chegar. Eram moças e rapazes com idade entre dezesseis e dezoito anos. Estavam descontraídos e animados. Acomodaram-se sobre as mantas no gramado para aguardar. Juntei-me ao grupo. No horário marcado, Canção e Nascha se sentaram lado a lado em duas cadeiras colocadas debaixo do frondoso carvalho que reinava no quintal. Todos ficaram atentos e em silêncio. O xamã rufou o tambor de duas faces em melodia que invocava a iluminação e a proteção dos bons espíritos àquele espaço e ao ritual que começaria. Em seguida, Nascha deu início ao cerimonial: “Desde tempos imemoriais, cada pessoa herda as consequências das suas próprias escolhas. Um patrimônio imaterial de oportunidades e aprendizados, maravilhas e dificuldades, liberdades ou distopias. Direcionamos a vida conforme elaboramos as experiências vividas. Processamos os acontecimentos de acordo com os princípios, valores e prioridades que usamos como elementos à equação. Como resultado de uma mesma experiência, a depender dos elementos usados na equação, tais como vícios ou virtudes, encontraremos alegria ou tristeza, paz ou revolta, evolução ou estagnação. Assim, conforme a maturidade alcançada, conseguiremos expandir ou contrair a verdade. Como efeito, o indivíduo encontrará a realidade permitida à sua percepção e sensibilidade. Daí, podemos concluir que, apesar de estarmos num mesmo mundo, face as diferenças de compreensão, vivemos em mundos distintos. O que eu não vejo, entendo ou sinto, não existe para mim, embora faça parte da realidade de outras pessoas. E vice-versa”.
A anciã aguçou o raciocínio e o interesse dos jovens. Canção Estrelada prosseguiu: “O aproveitamento ou desperdício de cada situação, em encadeamento incessante de acontecimentos, dimensiona as fronteiras da vida, sempre estruturada dentro da própria consciência. Ninguém consegue extrair de uma situação o bem que não enxerga, a lição que não compreende, a luz escondida por traz da sombra que ainda admira. Assim, todo sofrimento tem como origem os desajustes dos painéis da consciência, ainda incapaz de filtrar o mal, oferecer mecanismos para reverter as incompreensões e liberar o amor reprimido, seja por si mesmo, seja pela vida. O amor tem amplitudes e profundidades diversas. Logo, não basta amar. Faz-se necessário aprender a amar mais e melhor. Uma conquista equivalente a retirar a venda dos olhos da alma, fundamental à desconstrução dos sofrimentos”.
Nascha complementou: “As fôrmas rígidas do pensar, o vício pelo imediatismo provocador da corrida por conquistas e prazeres de curto alcance, as restrições e condições coercitivas impostas ao amor, a perda da individualidade pela deformação causada por lutas ideológicas incapazes de preencher o vazio existencial, devaneios servindo como fuga ao autodescobrimento, a liberdade de escolha sendo constrangida pelo medo, são exemplos de algumas condições desencadeadoras de dores emocionais, que se avolumam, intensificam e destroem o indivíduo pelo desconhecimento das causas que lhe deram origem. O mau humor, a impaciência e a intolerância, em companhia com a insatisfação, ansiedade e depressão sinalizam o transbordamento do sofrimento fora de controle”.
Canção Estrelada foi ao ponto central: “Esses fenômenos existenciais, que tanto abalam o pensar e o sentir, proporcionam emoções enfermiças, como o desejo, o deslumbre, o ódio e a frustação. As quatro flechas que atingem o espírito e o faz desperdiçar as maravilhas da vida”. Fez uma pausa para os jovens concatenarem o arco filosófico e ilustrou: “O desejo é como um caminhão ladeira abaixo, sem freio nem direção, abalroando tudo que se opõe ao que o indivíduo entende como destino. Até mesmo o desejo pela prática do bem e as conquistas evolutivas necessita de equilíbrio e sensatez para não despencar no precipício do egoísmo e da obsessão, atropelando vontades, olhares e direitos alheios. Como limite ao desejo, há de haver sincera satisfação quanto aos bens e condições oferecidos pela vida. Neles residem todas as ferramentas necessárias à evolução espiritual. Por vezes, o desafio está na carência, por vezes consiste no excesso. Existe aprendizado e provas de superação em ambas as situações. Seja para despertar a humildade, seja para desmanchar o egoísmo. Não se trata de um comportamento conformista. A compreensão de que o suficiente basta para uma existência luminosa, ilustra uma postura de lucidez e harmonia interior. Todos os demais bens materiais a serem agregados, se vierem, serão bem-vindos. Caso não cheguem, a prosperidade não restará prejudicada pela ausência de nenhum deles. A prosperidade está além do imediatismo dos prazeres rasos, pois, dialoga tão e somente com desenvolvimento espiritual. Nenhum desejo desmedido terá força para saciar o indivíduo perdido e descontrolado nesse tipo comum e vulgar de loucura”. Uma bela jovem, de olhos sagazes, perguntou se todo prazer é um vício comportamental. O xamã esclareceu: “De jeito nenhum. Há que entender o que lhe dá prazer. Existe quem se apraz com a exibição, o revide ou a derrota alheia. De outro lado, tem pessoas que sentem prazer em ajudar, acolher, orientar e curar”. Fez uma breve pausa para fazer perguntas de simples retórica com intuito de impulsionar o raciocínio: “Sinto mais prazer ao criar problemas ou em encontrar soluções para os outros? O prazer tem mil faces. Qual delas encontro no espelho?”. Em seguida, acrescentou: “Outro aspecto valoroso é compreender se você domina o seu prazer ou se está escravizada por ele. Quando estamos no controle, temos à disposição o equilíbrio e a sensatez para fazer escolhas, separar o certo do errado, discernir o bem do mal. Algo que se tornar impossível quando é o prazer que detém o poder e está no comando das ações”. A moça disse ter entendido e agradeceu.
Nascha abordou a segunda flecha: “O deslumbramento é consequência de um desejo desmedido que vida autorizou mais como prova do que por mérito. O orgulho e a vaidade deformam a personalidade e ofuscam a identidade de um sujeito movido pela ambição desenfreada. Acredita-se superior aos demais, entende natural os privilégios que usufrui sem levar em conta o prejuízo que causa em outras pessoas. Move-se na ilusão do dinheiro, fama e cargos como fontes de poder e prazer sem nada entenderem sobre dignidade e felicidade. Atormentados pela transitoriedade do tempo, lutam desesperados contra inimigos invencíveis que não compreende em amor e alcance, como a velhice e a morte. Apesar de se colocarem no pedestal do mundo, mesmo nos dias de apogeu, ficam exacerbados pelo medo de perder a posição de destaque que, apesar do poder mundano auferido, é de extrema fragilidade diante da impermanência dos acontecimentos e a velocidade do tempo, fenômenos impossíveis de dominar. Sofrem por nada saber sobre as verdadeiras riquezas, poderes e prazeres da vida”.
A anciã emendou: “O ódio é a terceira flecha. Surge como a loucura do interesse ou desejo não atendido. Dá vazão a sentimentos selvagens e destrutivos, sendo causa de comportamentos torpes e cruéis. Pulverizado através de diversos formatos de revanche ou vingança, na maioria das vezes, se esconde por trás do absurdo argumento da aplicação da justiça ou da imposição de respeito. Justiça e respeito são virtudes educativas e reequilibradoras, movidas por amor e sabedoria, jamais confundidas com instintos primitivos ainda dominados pela maldade. Não raro, se esconde em reações de irritação, ansiedade e inconformismo. Quando não desmanchado, o ódio se solidifica e fica armazenado com o nome mágoa anotado no rótulo do veneno. Sem um bom argumento que lhe justifique a existência, o ódio é fator dos mais profundos sofrimentos e da consequente somatização dos desalinhos da alma em doenças corporais graves”. O xamã pediu a palavra e concluiu: “A quarta flecha é a frustração. A sua origem está nas confusas ideias de méritos e direitos naturais que o indivíduo se acredita merecedor, sem nenhuma consonância com os movimentos do mundo, as Leis Cósmicas ou as diretrizes pedagógicas da vida. Acredita ser quem ainda não se tornou. Mira-se nos espelhos turvos e falaciosos da vaidade, da empáfia, da ganância e do egoísmo. Entende estar atracado no cais da realidade enquanto, na verdade, singra nos mares tormentosos da incompreensão”. Olhou para os jovens com candura, se virou e fez um gesto com a mão para que a Nascha finalizasse a palestra. A anciã ressaltou: “Na raiz de cada sofrimento encontraremos o próprio indivíduo como autor das dores que padece. Ao se valer dos vícios e condicionamentos que o aprisiona e faz sofrer, ao invés da virtudes regeneradoras que libertam e curam, continuará a elaborar equivocadamente as experiências vividas. Num doloroso círculo vicioso, seguirá direcionando a vida por rotas que jamais o conduzirão ao destino almejado. Como consequência, agravará em intensidade e volume as suas dores emocionais ao constatar, depois de algum tempo, estar muito distante de onde pretendia chegar. Permanecerá assim enquanto se negar a retirar as absurdas condições impeditivas para que o amor sirva de guia ao seu processo evolutivo”.
Canção Estrelada rufou uma melodia de agradecimento pela proteção e iluminação concedidas àquele cerimonial. O portal foi mostrado aos jovens. Atravessar caberia a cada um deles. Devemos ajudar a todos, mas ninguém está autorizado a carregar ninguém na estrada da evolução. Não será permitido nenhum avanço a quem se nega ao aprendizado e à transformação. Aos poucos, os jovens foram saindo, não sem antes agradecer à anciã e ao xamã pelo conhecimento compartilhado. Nascha trocou um abraço com Canção Estrelada e também se foi.
A sós com o xamã, fomos nos sentar na varanda para aproveitar a brisa suave que desce das montanhas na primavera. Ao contornar a casa, fomos surpreendidos com a presença do John, o guitarrista da banda de rock, aguardando na varanda. Com os olhos marejados, disse ter chegado logo no início do cerimonial. Ouvira tudo que fora dito. Teve a sensação de ter a alma dissecada e os sentimentos expostos à luz. Cada palavra e ideia serviram para mostrar a origem dos seus sofrimentos, sem nenhuma consonância com as imagens desfocadas e narrativas imprecisas que ele mantinha sobre os acontecimentos do passado. Tinha que admitir que se perdera em si mesmo quando se creditou o sucesso de uma banda que já possuía um séquito de admiradores e fãs. Ao fazer parte do grupo, se arvorou maior que o grupo. Daí, as brigas e rupturas. Viveu o desejo desmedido de se tornar um astro da música ao invés de trabalhar com alegria e desenvolver o seu dom, compreendendo que fama e fortuna são efeitos que nem sempre dependem do talento pessoal. Movera-se pelo ódio e pela mágoa crescente à medida que as coisas não aconteciam do modo como desejava. Frustrou-se na convicção de ter sido injustiçado e abandonado, enquanto, na verdade, a vida o protegera dos próprios desatinos. Por longos anos, o aconselhara a substituir as lentes escuras, dramáticas e imediatistas com que observava tudo e todos, por outras mais claras, sensatas e de longo alcance. Recusara-se por todo tempo. Envenenara-se com as quatros flechas que atirou contra si mesmo. Enquanto permanecessem espetadas no seu coração, continuaria a sofrer com os pensamentos estreitos e sentimentos turvos que alimentava. Com a voz embargada, confessou que esteve longe de ser uma pessoa sensata e equilibrada. Havia magoado alguns, maltratado outros. Ao lhe negar os desejos, a vida o salvara de se tornar alguém ainda pior. Chegara a hora de arrancar as flechas, estancar o veneno, corrigir a rota e se libertar da dor.
Sentado na cadeira de balanço, sem dizer palavra, Canção Estrelada ouvia com atenção enquanto acendia o seu indefectível cachimbo com fornilho de pedra vermelha. Ao final da confissão do guitarrista, o xamã ponderou: “A vida trabalha em prol da evolução de todos. Não está interessada em atender os desejos de ninguém. Os seus esforços estarão sempre direcionados a nos fazer pessoas diferentes e melhores. Tão e somente. Seus métodos quase nunca são de simples compreensão, pois, ao contrário do que gostaríamos, não prima em satisfazer prazeres rasos e imediatos, mas em aprimorar a percepção e a sensibilidade para que as conquistas sejam valorosas e definitivas. Jamais entregará na medida dos desejos, porém, na exata régua das necessidades evolutivas. As dificuldades trabalham à serviço da luz. Quando decodificamos suas razões e motivações, somos envolvidos por uma maravilhosa sensação de encantamento pela verdade, e, como consequência, veremos emergir o amor que liberta dos sofrimentos”.
Nada mais foi dito… nem precisava.
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como precisava pensar nas flechas 💚