MANUSCRITOS VII

O principal alicerce do amor

O dia amanhecia. Pelas janelas da cantina podíamos ver o céu com aquela cor indefinida, entre o rosa e o azul, típico dos primeiros momentos das manhãs nas montanhas. O mosteiro despertava. Sentado em uma das mesas, eu conversava com o Velho, como carinhosamente chamávamos o monge mais antigo da Ordem. As canecas fumegantes de café embalavam uma conversa vadia, típica de dois amigos que falam sobre vários assuntos sem nenhuma seriedade, quando se aproximou Renan, um monge que, apesar do pouco tempo como membro da irmandade, era muito querido por seu extremo carisma. Com idade entre quarenta e cinquenta anos, de rosto bonito, sorriso lindo e palavras afáveis, possuía bom trânsito entre os diversos círculos do mosteiro. O que nos chamou atenção foi o fato de ele não estar inscrito para aquele período de estudos. Acabara de chegar. As suas feições traziam olheiras acentuadas, demostrando abatimento e noites mal dormidas. Sem hesitar, o Velho o convidou a se sentar à mesa conosco. Renan aceitou de pronto. Sem que nada fosse preciso perguntar, falou das suas angústias. Depois de cinco anos de um casamento perfeito, para a sua surpresa, a Valentina, sua esposa, pedira o divórcio. Disse não o amar mais. Renan se confessou perdido. O Velho tentou ajudar: “Relações se costuram e se esgarçam todos os dias. Algumas crescem nas crises; outras se esgotam no desinteresse ou incapacidade de se regenerar. Você consegue identificar o ponto de ruptura do seu casamento?”. Renan disse que esse era o problema. Nada havia de errado que pudesse identificar como fato gerador do rompimento. Nunca ocorrera brigas significativas, traições ou desrespeito. Ele era um marido afável e atencioso, sempre atento às necessidades da esposa. Viajavam e se divertiam com constância. Formavam um casal feliz. Acreditava que a Valentina estava sob alguma influência nefasta, talvez até de energias obsessivas e deletérias. Não conseguia encontrar outra explicação.

O casal tinha se conhecido na Ordem, em um difícil curso que ela ministrara sobre o Caibalion, no qual filosofia e metafísica se complementam com extrema complexidade. Valentina era monja há mais tempo que o Renan. O delicadeza da questão era que, naquele momento, ela estava no mosteiro para mais um ciclo de estudos. Sem que nada soubéssemos até então, nenhum aspecto do comportamento dela indicara qualquer desequilíbrio. Falei que, havia dois dias, eu assistira a uma palestra proferida pela monja. Achei-a gentil, animada e alegre como de costume. Renan indicou a minha observação como fator de estranheza. Insistiu que não era normal uma pessoa encerrar um casamento depois de anos, sem que ocorresse nada que justificasse o rompimento e, mesmo assim, ficasse bem. Sim, havia algo de errado nela, afirmou. O Velho explicou que estava disposto a ajudar, desde que a Valentina estivesse disposta a colaborar. Acentuou que ela não era obrigada a isso e, portanto, a vontade dela seria respeitada na íntegra; nenhuma insistência seria admitida. Renan agradeceu. Amavam-se demais, disse em tom de confissão. Ele foi advertido que não deveria a procurar nem a importunar. Aguardaria em um hotel na cidade mais próxima, no sopé da montanha. Conforme ela se posicionasse, seria chamado de volta; do contrário, de lá seguiria para casa. Ele concordou, agradeceu e se foi.

Mais tarde, me pediu para explicar a Valentina os acontecimentos daquela manhã. Se ela se sentisse à vontade para conversar, que fosse ao gabinete do Velho no dia seguinte. Assim eu fiz. A procurei, falei sobre o ocorrido e a possibilidade em aberto. Ressaltei que não deveria entender a atitude como um gesto de intromissão, mas uma tentativa de ajuda ao Renan e, talvez, também a ela. Após me ouvir, Valentina sorriu. Ao contrário do eu imaginara, a mulher não se mostrou surpreendida com a atitude do marido nem ficou encabulada para falar sobre a separação. Decidida e serena, sugeriu que o Renan também participasse dessa conversa inicial como modo de otimizar o processo. Dessa maneira foi feito.

Na manhã seguinte, após o desjejum, estávamos os quatro reunidos no gabinete do Velho. Conforme orientação prévia, Renan expôs a sua incompreensão quanto à separação. Não conseguia encontrar um único motivo que a explicasse. Era um marido bom e atencioso, leal e carinhoso. Eram felizes juntos. As pequenas contrariedades do dia a dia, de tão insignificantes, não mereciam qualquer comentário. Não conseguia entender a razão de a esposa não mais desejar compartilhar a vida com ele. “Falta de respeito”, ela rebateu. “Sem respeito o amor desaba”, complementou.

Renan disse não fazer sentido. Nunca mentira, cometera um ato de traição ou praticado violência de qualquer tipo. Nem mesmo um grito ou palavrão havia sido proferido durante os anos que estiveram juntos. Jamais havia a proibido de fazer qualquer coisa ou ir a algum lugar. Pediu que a esposa não faltasse com a verdade. Valentina explicou: “Violência física, ameaças, ofensas, traições e mentiras são os desrespeitos mais fáceis de serem vistos e percebidos aos olhos de todas as pessoas. São gravíssimos. Mas não são os únicos nem encerram a lista de possibilidades. Todo gesto praticado por qualquer pessoa, inclusive por mim mesma, ao tentar me impedir de ser quem eu posso me tornar, ao se colocar como barreira para que eu não vá ao encontro da minha autêntica identidade, será um ato de desrespeito. Nestes casos, as possibilidades são inúmeras e quase nunca percebidas ou admitidas”.

Ela prosseguiu: “Ninguém conhece a verdade antes de conhecer a si mesmo. Todo aquele que se opõe à trajetória do autodescobrimento, pressuposto necessário à formação da legítima identidade de uma pessoa, é um usurpador. Não raro, cada indivíduo funciona como o ladrão da própria vida. Faltará equilíbrio e força; sobrará insegurança e ansiedade”. Renan disse não entender de qual maneira a impedia de fazer o que entendia melhor ou correto. Nunca a cerceou de qualquer ato. Ela esclareceu: “Há muitos modos e níveis de cerceamentos. Por exemplo, em razão de divergência política, você parou de frequentar a casa dos meus pais. Você é livre para fazer as suas escolhas e ter os próprios gostos. Embora preferisse tê-lo em minha companhia durante as visitas, eu o respeitei”. O marido interrompeu para ressaltar que nunca a proibiu de os visitar. Valentina o corrigiu: “Você nunca disse para eu não ir, até porque sabia que violaria a última fronteira do respeito; porém, quando eu retornava da casa deles o encontrava amuado, sem vontade de conversar ou tinha se excedido na bebida, encerrando qualquer possibilidade de convivência naquele sábado ou domingo. Se eu quisesse ter um final de semana aprazível contigo, teria de me abster de estar com os meus pais”. Ele voltou a interromper questionando se estava sendo acusado de alcoolismo. A mulher maneou a cabeça e disse: “Não foi isso que eu disse. Falei que, de modo não declarado, você tentava me impedir de fazer a coisa certa ao forçar uma escolha desnecessária. Amo os meus pais; conviver com eles é muito importante para mim e não há razão sensata para que eu deixe de fazer isso. Do mesmo modo que eu não me zangava por você não querer me acompanhar nas visitas, quando eu retornava deveria ser recebida com a mesma compreensão e boa vontade. Embora não usasse palavras, as suas reações de desgosto eram instrumentos evidentes de pressão e interferência sobre as minhas escolhas. A tentativa de cercear uma escolha é um desrespeito ao amor que sinto por eles e por mim. Sem amor nada do que sobra vale a pena”.

Havia mais. Valentina continuou: “Quando eu decidi por retomar o doutorado na universidade, você também não proibiu, porém, tentou me desestimular da maneira que podia. Diante dos mínimos motivos, mencionava a suposta perda de tempo em voltar aos estudos acadêmicos. No início, sibilou pequenas doses de ironia; depois, mostrou total desinteresse aos meus projetos pessoais de alavancar a minha carreira profissional. O seu interesse se limitava à esposa, jamais à engenheira. Esqueceu-se que a Valentina é ambas e muito mais. Sou também a poetisa que, ao nos conhecermos, conversávamos sobre cada poema que eu escrevia e, nos últimos anos, não mais ouvi uma única palavra de interesse. Sou também a filha, a amiga das minhas amigas, a monja e a cidadã. Sou uma e sou todas. Essas mulheres coexistem em mim e não me faria bem abdicar de nenhuma delas. Negar-me o direito de vivê-las é um ato de desrespeito”.

Renan argumentou que havia exagero na análise da mulher; ela não levava em conta tudo de bom que havia no casamento. Ela discordou: “A base de uma união não são viagens ao exterior, jantares em restaurantes badalados nem somente as agradáveis reuniões com amigos queridos. É muito mais. É necessário amor na construção de um prédio chamado relacionamento, que não subsiste quando há desrespeito na formação da identidade de quem queremos nos tornar”.

Ele indagou a razão de ela insistir na conexão do amor com o que denominava de identidade. Admitiu não entender. Valentina explicou: “Encontrar a sua legítima identidade é parte do resultado na busca pelo autoconhecimento e a conquista de si mesmo. Não se engane, pouquíssimas pessoas têm condições de dizer quem são. Significa alcançar o primeiro patamar da verdade. A verdade que liberta dos enganos, medos e sofrimentos. Enquanto distantes da verdade, perdemos o domínio sobre as nossas escolhas pela simples razão de não as compreender por inteiro, com todas as possibilidades que oferecem. Somos menos quando poderíamos ser mais. Enquanto perdidos na busca pela verdade, ficamos sem a menor noção sobre características, aspectos e elementos que compõem a nossa identidade. Na expectativa de se tornar alguém que possamos identificar e nos satisfazer, incorporamos um ou vários dos inúmeros mitos, ancestrais ou atuais, na vã tentativa de nos construir. Procuramos nos enquadrar dentro de padrões comportamentais, ora aceitos, ora admirados. Todos têm os seus sonhos, assim como as suas dificuldades. A sociedade contemporânea já consegue perceber que os padrões de outrora não mais se encaixam às necessidades atuais. Percebendo os sinais, mas sem os decodificar por completo, filmes e seriados apresentam heróis irreais, ora românticos, ora guerreiros, que apesar de sentirem as angústias reais, se valem de poderes fictícios para superar tudo e todos que se opõem a eles. Olhamos no espelho e os procuramos em nós. Vestimos e falamos como esses semideuses urbanos, idolatrados apesar dos seus poderes risíveis. Funcionam como substitutos dos antigos arquétipos, apenas modernizados na aparência e, como tais, criam padrões de desejo e comportamento no inconsciente coletivo. Mesmo sem notar, ainda que apenas em parte, ambicionaremos esses poderes e repetiremos vários desses comportamentos estéreis enquanto não encontrarmos a nossa verdadeira identidade.  Cabe a cada pessoa encontrar a sua”.

“Entre homens e mulheres, existe desde o indivíduo bonzinho que não ousa a sair da linha até o rebelde que se vangloria por não respeitar as leis. São extremos que se tocam e se trocam nas suas incompreensões intrínsecas. Em todos, mesmo que neguem, a insegurança, a insatisfação e a ansiedade estarão presentes enquanto se mantiverem distantes da própria essência. Não se iluda com as falas pausadas e gestos comedidos, nem sempre significam serenidade e equilíbrio; tampouco frases de efeito e discursos formatados servem como demonstração de sabedoria. Muitos, no extremo da incompreensão, tentam escapar através da extravagância, como se fazer diferente fosse suficiente para se tornar único ou encontrar a rota perdida da felicidade. Desorientados em personagens rasos por estarem vazios do conteúdo essencial, escondem as emoções dolorosas que todas as noites sangram na escuridão do quarto de dormir. Sofrem em segredo. Por não se conhecerem, se desrespeitam no ímpeto da paixão que subtrai por não saber como acrescentar; e se esgotam sem nada conquistar em si mesmos. Nada sabem sobre a alegria de viver a plenitude apenas permitida pelo amor”. Arqueou os lábios em doce sorriso e acrescentou: “O amor respeita sem se humilhar; respeita sem se acomodar; respeita sem precisar concordar; respeita sem se acovardar. O amor respeita para não se aprisionar”.

Fez uma breve pausa antes de prosseguir: “Como falamos aqui no mosteiro, a Grande Arte é a construção de si mesmo. Erguer um prédio exige conhecimento do terreno e um planejamento de utilidade e ocupação. Uma analogia cabível na trajetória de descobertas, encontros e conquistas para nos tornarmos tudo aquilo que podemos ser. E podemos muito”. Calou-se por instantes para entender se deveria continuar ou deixar que alguém também se expressasse. Como todos no gabinete pareciam interessados no raciocínio que apresentava, continuou: “A busca incessante pela verdade é fundamental na construção do indivíduo. Ir ao encontro da verdade é elaborar a experiência malsucedida um sem-número de vezes, até que da incompreensão dolorosa surja o entendimento de onde o prédio foi erguido sem a devida estrutura para lidar com os tremores inerentes à existência e que, por isto, desabou. Reerguer-se com o dinamismo da verdade, que se modifica a cada descoberta pessoal, concede o poder do equilíbrio emocional e da força de vontade para seguir em frente. O combustível da viagem rumo à conquista de si mesmo é o amor-próprio”. Deu de ombros e concluiu: “Nunca conseguirei me amar enquanto não me respeitar. Respeito não é atitude que se peça ou exija de ninguém; desnecessário qualquer briga ou conflito. Trata-se de um gesto de amor que cada indivíduo deve praticar consigo mesmo”.

Ficamos alguns instantes sem dizer palavra até que Renan questionou: “Se não é preciso brigar para se fazer respeitar, não poderíamos ter seguido juntos?”. Valentina esclareceu: “Não se consegue erguer um relacionamento sem se preocupar com o crescimento e bem-estar de todas as pessoas que o compõem. Brigar ou se sujeitar ao outro são duas escolhas possíveis. Mas não são as únicas. Tampouco, penso, as melhores. Brigar me levaria a viver em constante conflito, furtando a suavidade do dias; me sujeitar equivale a anulação da verdade como a alcanço e, por consequência, a interrupção na construção de quem eu sou. Também não posso obrigar a ninguém a apreciar a vida com os meus olhos; isto seria adequar alguém a viver forçosamente dentro da minha caixa, que por mais bonita e espaçosa que seja, possui paredes que aprisionam. Eu me tornaria a usurpadora. A ética da liberdade e da dignidade restaria esquecida; meus atos não podem estar contrários à verdade no limite que a entendo. Trair a consciência equivale ao suicídio existencial”. Abriu os braços para ressaltar a solução e disse: “Resta-me partir quando ficar me desrespeita”.

Renan disse não ter entendido a última frase. Valentina explicou: “Ninguém é igual a ninguém, nisto reside a beleza de todos. Contudo, é preciso saber quem somos, o que nos define, encanta, enobrece e engrandece. São movimentos singulares e personalíssimos. Há que se ter coragem para enfrentar as incompreensões, dores e medos; fantasmas que assombram o passado e assustam o futuro; portanto, ser único nada tem a ver com extravagâncias, mas com descobertas, encontros e conquistas intrínsecas. Negar-se a fazer essa viagem é como se enganar na plataforma de embarque à espera de um trem que nunca virá”. Bebeu um gole d`água e esclareceu: “Devaneamos na expectativa da chegada de um trem que nos levará para um lugar onde nunca faltará o leite nem o deleite; tudo que temos de fazer é embarcar. Isso nunca acontecerá. O realidade não se modifica por mágica, mas à medida que fazemos a viagem acontecer, dentro e fora da gente ao mesmo tempo. Um movimento constante e irrefreável na elaborações das experiências vividas para servirem às transformações evolutivas. Não há outro de viver a felicidade”. Bebeu mais gole d`água, se virou para o Renan e explicou: “Eu poderia manter o casamento por vários outros motivos: medo de viver sozinha, aceitar o duelo para me mostrar mais forte do que você ou para evitar as dificuldades inerentes ao recomeço. Nenhum deles me faria avançar. Não existe um bom motivo quando há desrespeito por quem somos. Sem respeito o amor não sobrevive. O amor é energia essencial à criação. Somos criadores das criaturas que nos tornamos. O que se pode esperar de uma criatura sem amor-próprio?”.

Inconformado, Renan questionou que, se ninguém é igual a ninguém, as diferenças sempre existiriam, o que tornaria impossível qualquer relacionamento. Valentina o corrigiu: “Enquanto olhei pelo prisma do orgulho, não vi o que me incomodava; pelo viés do medo, me neguei a ir ao encontro que precisava ter comigo mesma. Ao conhecer a claridade oferecida pelo amor e pelo respeito, as diferenças me enriqueceram por mostrar ângulos desconhecidos do objeto ao observador. Como sou ambos, objeto e observador, as diferenças ajudaram a encontrar muitas das partes que me faltavam e a encaixar outras que estavam fora do lugar. Acredite, Renan, ainda que involuntariamente, você foi quem mais me ajudou a enxergar o que vejo agora. Enquanto as diferenças anularem ao invés de explicarem e complementarem, a luz se manterá apagada. Ninguém precisa concordar ou se sujeitar a ninguém para se enriquecer com as diferenças, tampouco bastará para que sigam juntos em uma mesma viagem. Não se trata de saber quem está certou ou errado. Quando em um relacionamento há mais contrariedades do que compreensões, significa que ambos se abandonaram à espera de um trem que já passou. Todo viajante, cada um ao seu jeito, por amor e respeito, precisa partir”.

Valentina recostou na cadeira. Tinha terminado. Se colocou à disposição para nos ouvir. Ninguém disse palavra. O Velho olhou para o Renan. Era a hora de expor as suas razões. Com os olhos marejados, se virou para a ex-esposa e pediu: “Se algum dia escrever uma poesia sobre a gente, nunca esqueça que sempre a amei. O meu erro foi conhecer tão pouco sobre o respeito e o amor”. Nada mais tinha a dizer. Ela se levantou, deu um beijo carinhoso na bochecha dele e se despediu. Logo começaria uma palestra que desejava assistir.

A sós, Renan respirou fundo e disse: “A Valentina tem razão em tudo que falou. Encontrar a verdade consiste em elaborar as experiências dolorosas com respeito e amor para que possamos cicatrizar definitivamente as feridas ainda abertas. Tenho os elementos necessários para processar os fatos do meu casamento de maneira que não reste mágoa ou frustação, mas equilíbrio e força para aproveitar melhor as situações que mais adiante surgirão em meus dias. Dessa maneira, e somente assim, a verdade servirá de instrumento à liberdade. A vida é generosa em oportunidades”. Deu de ombros e falou: “É hora de partir. Dentro e fora de mim. Todos precisam disto”. Agradeceu a dedicação e o carinho. Deixamos marcado um encontro para o próximo ciclo de estudos. Deu-nos um forte abraço e se foi.

Comentei que a Valentina tinha me oferecido uma aula naquela manhã. Os diversos vieses que envolvem um relacionamento passam não apenas como tratamos os outros, mas principalmente como cada um cuida de si. O Velho sorriu e finalizou aquela conversa: “Amor e respeito têm uma relação simbiótica; um é fundamental ao outro. Ambos possuem diversos níveis e nuances, diferentes amplitudes e profundidades; há muito que se aprender sobre os dois. Respeito sem amor é arrogância ou medo; amor sem respeito se esvai nos ralos rasos da paixão. Respeito é o principal alicerce do amor, sem o qual desaba. Respeito é também uma das mil maneiras de amar com sabedoria”.

Levantei-me para pegar duas canecas de café. O dia estava apenas começando no mosteiro.

9 comments

MARCELLO MELLO SCHWEITZER julho 10, 2023 at 4:26 pm

O respeito mencionado aqui, é amor para consigo e o amor para com o próximo. Brilhante.

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Sergio Abreu julho 10, 2023 at 5:32 pm

Como amar sem antes amarmos a nós mesmos? Texto maravilhoso, como sempre!

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Carla julho 15, 2023 at 10:52 pm

Genial! Que texto perfeito! Quanta sabedoria nessas palavras. Que o amor e o respeito prevaleçam sempre! ❤

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juju julho 16, 2023 at 10:29 pm

lindo!

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CRISTINA BOVI MATSUOKA julho 17, 2023 at 8:09 pm

Uauuu

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Sheylla julho 24, 2023 at 4:10 pm

Belíssimo texto e preciosos ensinamentos!! Muito Obrigada!!

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Tiago julho 28, 2023 at 12:21 pm

Me pergunto o que seria de mim um ignorante solitário seme analfabeto perdido no caminho que não tem conhecimento sobre nada, livro? dificuldade de ler e interpretar escola só pra brincar e comer, as pessoas eu as afasto , se não fosse esses textos decodificado do yoskhaz acho que já estaria morto um dia perdido o face sugeriu um texto grandão se não me engano é o mostro gostei mas não o li todo isso deve ter quase uns dez anos, um dia em momento de desespero tentei o suicídio fracassei me senti pior que lixo achei que era a maldição desse mundo alguma coisa me veio na mente e lembrei do texto mesmo não sabendo ler direito aquelas palavras tava tão claras igual o sol que eu as entendi chorei como nunca ali a vida como fazer sentido obrigado yoskhaz vc é uma luz nesse mundo, e nunca me cobrou nada por isso, a paz seja convosco os dedos do universo são longos são minhas frases favoritas

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Rhodolfo Diniz agosto 9, 2023 at 12:37 am

Lindo texto! Gratidão! 🙏🙏😁😁

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Terumi setembro 3, 2023 at 11:32 pm

Gratidão 🙏

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