MANUSCRITOS V

Percepção e sensibilidade

Têm algumas histórias que a gente nunca esquece. Eu estava no mosteiro para mais um período de estudos. O Velho, como carinhosamente chamávamos o monge mais antigo da Ordem, teria que realizar uma breve viagem. Ele recebia muitos convites para realizar palestras sobre filosofia e metafísica em diversos lugares. Templos, irmandades, escolas, universidades, pequenas empresas e grandes corporações. Cada vez mais era nítido o crescente interesse pelo conhecimento sobre si mesmo e a necessidade do consequente aprimoramento deste conteúdo como método de bem-viver. Embora ainda incipiente, mas aos poucos e cada vez mais, as pessoas percebiam que os tradicionais valores ancestrais de sucesso, como dinheiro e fama, eram frágeis e insuficientes para a conquista das maravilhas da vida, as plenitudes. Ser pleno é viver o amor, a liberdade, a dignidade, a paz e a felicidade com profundidade e amplitude, de modo perceptível no âmago do ser. Isto se reflete em quem está ao redor. Ilumina aqueles que estão próximos até que consigam se tornar luminosos, ou seja, passem se orientar pelo lume da própria luz. Para tanto, se faz indispensável ser inteiro: buscar, encontrar, aceitar, conhecer e alinhar todas as partes do ser em uma mesma unidade. O Velho ensinava: “Não basta transformar, é preciso transcender também. Então, ocorrerá a transmutação que se traduz na expansão da essência de si mesmo, que ocupará uma parte maior da sua consciência em detrimento de aspectos e valores pessoais que se tornaram obsoletos por não mais fazer sentido. A antiga realidade se torna ilusória para que uma nova realidade ocupe o seu lugar. A carga de sofrimentos diminui à medida que você passa a se conhecer mais e melhor, a partir do entendimento de uma diferente concepção das raízes do mal. Você também se tornará mais perceptivo e sensível. O céu e o inferno de uma existência dependem de múltiplos aspectos, mas, acima de tudo, são criações mentais. As escolhas são as consequências inevitáveis da maneira como o indivíduo percebe e sente a si mesmo e tudo à sua volta”. 

“Ao contrário do que muitos acreditam, a percepção e a sensibilidade não nos tornam mais vulneráveis aos acontecimentos típicos da existência. Em verdade, nos fortalecem. Como a percepção expande a consciência a esferas extraordinárias e a sensibilidade refina o amor em múltiplas as virtudes, começamos entender que as causas das contrariedades não são aquelas que estão nos discursos simplistas e, por isto, enganadores, mas nas dores e dificuldades ocultas, e ainda desconhecidas, daqueles que derrubam tudo por onde passam, como se fossem bolas de boliche. Muitas vezes, somos nós as bolas de boliche a derrubar os pinos ao redor. Resta entender aquilo que desconhecemos e que tanta dor causa”. 

“A percepção e a sensibilidade apuradas impedem tanto que nos atinjam como de derrubarmos os outros. Assim, deixaremos de cumprir a dupla função, ora dos pinos, ora da bola, por não mais participar de um jogo insensato”.

“Um detalhe que atrasa o processo evolutivo é a crença de que ignorância protege; em verdade, a ignorância somente ilude. Portanto, deixa vulnerável. Não saber que existe uma serpente venenosa dentro de um caixa não me protegerá se eu enfiar a mão dentro dela. Desconhecer o mal não deixará ninguém imune a ele, mas uma presa mais fácil. Indivíduos com apurado grau de percepção conseguem ver onde quase ninguém alcança, enxergam no escuro porque trazem consigo a luz. Então, entendem quando um nãosignifica um simou uma ofensa esconde um pedido de socorro. Se nem tudo é o que aparenta, não é difícil concluir que sofremos por situações que não retratam a perfeita realidade: Ficamos magoados quando, em verdade, tudo que a outra pessoa queria era acolhimento. Ora, por que ela não pediu?Diriam alguns. Não pediu porque nem ela entendia os motivos da sua dor. Tudo que causa sofrimento é uma face desconhecida à espera de entendimento”. 

“As pessoas se imaginam sensíveis por sofrerem aos menores gestos e pelas mínimas palavras. Se ofendem por tudo, se magoam com todos. Isto não é sensibilidade, mas orgulho e vaidade camuflados. Ah, mas fulano é um grosso, alegam. Sim, mas se a escuridão for só dele, tenha misericórdia para ajudar; se não for possível acudir, tenha compaixão para entender. Do contrário, apenas alimentaremos as sombras alheias com as nossas. O conceito de sensibilidade é bem diferente. Indivíduos sensíveis são aqueles que tem o coração na palma da mão e estão dispostos a envolver de maneira virtuosa todas as situações. Nunca combatem a ofensa ou cultivam a mágoa para não agigantar a escuridão. Eles oferecem a outra face, aquela que o mal teme; a face da luz”.  

Certa vez, perguntei ao Velho qual a diferença entre transformar e transmutar. Ele respondeu: “A diferença está no amor aplicado”. Falei que não tinha entendido. O bom monge explicou da seguinte maneira: “Transformar é a mudança objetiva, ela é racional: passo a agir de outro jeito porque entendo como correto e melhor. Nasce da percepção. A percepção traz equilíbrio ao ser”. 

“Transmutar é o passo seguinte, é a mudança subjetiva. Sem deixar para trás o aspecto racional, mas se aliando a ele, passo a agir de outro jeito porque o modo como eu antes fazia se tornou inconcebível para mim. É a sensibilidade. Não preciso mais raciocinar qual face irei oferecer, esta é a fase anterior, a da transformação. Quando vamos além de onde sempre estivemos, significa que não somente há um entendimento mais amplo, mas também um sentimento mais profundo. As dúvidas se desmancham com incrível facilidade, o esforço e o cansaço da batalha desaparecem. Aquilo que era áspero na existência passa a possuir uma incrível suavidade. A sensibilidade concede harmonia ao viver”.

“O conhecimento é muito importante, mas enquanto estagnado será somente erudição. O conhecimento precisa de aplicação no dia a dia para se tornar sabedoria. A percepção indica a oportunidade do momento, a sensibilidade o movimenta na medida exata”.

“Após o voo primordial a borboleta não volta a andar como se um dia tivesse sido uma lagarta”.

Olhou-me como se estivesse diante de um filho e disse: “Tenha atenção, mas não tenha pressa. A estrada é repleta de armadilhas. A ansiedade é a inadequação do andarilho ao tempo. Nunca fique parado, mas também não se lance ao abismo com asas que ainda não possui. Respeitar o tempo do casulo e o romper com as próprias asas é o que autoriza a borboleta a se elevar do chão”.

Em seguida falou da viagem de poucos dias que faria para ministrar uma palestra. Disse que por já me considerar um veterano na Ordem, eu ficaria responsável por dirigir o mosteiro até a sua volta. Surpreso e alegre, falei que ele podia viajar tranquilo, pois eu cuidaria de tudo. Eu estava sendo sincero, pois não via dificuldades maiores em administrar algo já tão bem organizado. No mais, teria o auxilio dos outros monges, todos cientes de suas obrigações. Agradeci a confiança. Em resposta, o Velho apenas sorriu, girou nos calcanhares e foi arrumar a sua mala. Eu o admirava. A fala mansa, a firmeza dos princípios, o raciocínio claro, a serenidade no trato pessoal e a sensibilidade do olhar caracterizavam aquele homem de passos lentos, porém, seguros. 

No dia que ele viajou, logo cedo, fui aparar as flores do jardim interno do mosteiro, como o Velho costumava fazer. No café da manhã, embora ninguém tivesse lugar marcado, me sentei bem ao fundo, próximo à janela, onde o bom monge tinha o hábito de se sentar. Depois, fui para o escritório de onde ele administrava o mosteiro. Cheguei a me sentir como se eu fosse ele.

No entanto, havia muitas questões burocráticas, como as contas a serem pagas e a compra dos mantimentos necessários às refeições, entre outras questões meramente práticas, que só me dei conta quando fui avisado por um monge que havia um banheiro com um enorme vazamento. Enquanto eu ainda pensava sobre as várias decisões que deveria tomar quanto àqueles assuntos, me vi diante de problemas institucionais. Fui avisado que o monge responsável por uma das aulas estava com febre alta. Providenciei para que fosse conduzido ao hospital mais próximo. Assim que o carro saiu, me questionaram para saber quem daria aula no lugar do enfermo. Sem muito ponderar, indiquei um dos monges que primeiro me ocorreu à mente. De imediato, a minha decisão gerou muita insatisfação pelo fato de haver outros monges mais antigos e preparados na opinião dos alunos, todos também monges, como denominamos os integrantes da Ordem Esotérica dos Monges da Montanha (como já expliquei em outros textos, o nome é devido, não pela localização geográfica do mosteiro, mas pela razão de o Sermão da Montanha ser o eixo dorsal de todos os nossos estudos filosóficos e metafísicos).

Antes que eu conseguisse resolver essa insatisfação, me lembraram que estava na hora de começar a aula do curso que eu ministrava, o Shiur – A jornada do autoconhecimento através de textos sagrados. Tentando disfarçar a irritação, falei que aula daquele dia estava cancelada e que os alunos fossem ler na biblioteca. A decisão gerou uma nova onda de insatisfação, sem que a anterior tivesse sido resolvida. Surgiram outras solicitações e necessidades que eu pedi para aguardarem. Era preciso antes resolver os problemas ainda pendentes quanto à administração do mosteiro. Eu não queria desperdiçar tempo ao me imiscuir nas questões pessoais dos monges. Entendia que a minha função era destinada às decisões mais importantes. Ao final do dia, eu me sentia esgotado. Como fazia frio, a varanda estava vazia. Sozinho, tendo apenas uma caneca de café como companhia, me sentei em uma das poltronas para refletir e me acalmar diante da lindíssima paisagem formada pelas montanhas. Ledo engano. Sem demora, fui convocado para uma conversa com os vários monges insatisfeitos.

Com as emoções densas à flor da pele, contidas por intermédio de um grande esforço mental, interrompi a fala dos monges para apontar a insensibilidade deles. Eu custava a acreditar que não percebessem os diversos problemas que eu tinha para resolver. Falei que estavam sendo egoístas. Pedi para que olhassem o todo em detrimento à parte. A reunião se encerrou com um dos monges me pedindo para fazer o mesmo que eu sugeria a eles. Lembrou-me que a razão de existir do mosteiro eram as aulas e os alunos; quando isto era deixado em segundo plano, despareciam os fundamentos da Ordem. Alegou que eu estava muito concentrado em resolver os meus problemas sem notar os deles. Todas as situações afetavam o equilíbrio e a harmonia do mosteiro. Sustentavam que as dificuldades que eles enfrentavam podiam não existir se eu tomasse as decisões certas. Questionei o que seriam as tais decisões certas. Um deles respondeu: “Você pode orientar as suas escolhas pelos interesses do ego imaturo ou pelos valores de uma alma atuante. Quando entender a diferença saberá sobre as decisões certas”.

Tive uma noite difícil. Um turbilhão de ideias e emoções me sacudiram, impedindo que o sono me restaurasse as forças físicas e espirituais. Na manhã seguinte, eu estava em pedaços. Isto colaborou para o raciocínio ficar opaco e as virtudes encolherem. Em curva ascendente, a cada dia, mais monges se chateavam comigo e os problemas se avolumavam. Discussões entre eles ficavam mais frequentes e o ambiente de animosidade tomou conta do mosteiro. Ao final de uma semana fui surpreendido por um grupo de monges que, insatisfeitos, estavam dispostos a encerrar mais cedo os seus períodos de estudos. Irritado e atônito, fui salvo com a chegada do Velho.

Sem se alterar com a revolta, como se ele estivesse lidando com uma situação corriqueira e aguardada, ele reuniu a todos. Ouviu com inacreditável tranquilidade as queixas de cada um, apenas corrigindo, com firmeza e doçura, o tom mais exaltado de alguns monges. “A serenidade da voz e a clareza dos argumentos facilitam o entendimento”, orientava. Depois, me passou a palavra. Expliquei como, na medida do possível, tinha resolvido os problemas apresentados. Priorizei aqueles que entendia mais urgentes e importantes. Aleguei que não havia como fazer de outra maneira e explanei os motivos para isso. Somente após todos terem esgotados os seus lamentos, o Velho começou a solucionar, uma a uma, as insatisfações até não restar nenhuma. Eu fiquei, ao mesmo tempo, abismado e encantado como ele resolvia os problemas, que para mim eram dificílimos, com absoluta calma e impressionante facilidade. Era como se ele tivesse de antemão as respostas de todas as perguntas. A cada solução, era perceptível a satisfação dos envolvidos e eu me perguntava como não tinha pensado em agir daquela maneira. Não atendeu aos anseios dos alunos do jeito exato que eles desejavam, mas se esforçou para fazer dentro das suas possibilidades éticas e administrativas, fazendo questão de explicar sobre limites e consequências, conforme cada caso. Não restou ninguém insatisfeito. A delicadeza, a compaixão e o senso de justiça do Velho eram as causas dessa ambiência acolhedora que ele provocava sem nenhum esforço. Foi ali que comecei a entender sobre percepção e sensibilidade.

Percepção fala sobre a amplitude da consciência; sensibilidade expressa a profundidade do amor e das virtudes envolvidas.

A sós com o Velho, tive de admitir que eu fracassara. Ele franziu as sobrancelhas e discordou: “De jeito nenhum. Inconcebível era esperar que qualquer pessoa tenha nascido pronta para os desafios que irá enfrentar. A experiência vivida nos últimos dias irá lhe derrotar se você deixar que as emoções decorrentes do sofrimento assumam o controle. Mágoas em relação aos outros monges que poderiam ter sido mais compreensíveis contigo ou a decepção quanto ao fato de não ter conseguido conduzir o mosteiro do modo como desejara, em nada o ajudarão. Envolva a experiência com sabedoria e amor para aprender aquilo que você ainda não sabe. Para tanto, há que se ter humildade, simplicidade, compaixão, sinceridade e coragem. Em uma próxima oportunidade, e elas sempre surgem, você estará preparado com maior percepção e mais sensibilidade para fazer diferente e melhor. Assim são os ciclos evolutivos”.

Indaguei sobre quais pontos eu cometera os maiores erros. O Velho pensou por alguns instantes como se buscasse as melhores palavras e me devolveu a pergunta: “Onde você encontrou as maiores dificuldades?”. Falei que, sem fugir das minhas responsabilidades, achava que os monges não colaboraram, pois pareciam centrados em seus próprios interesses. Ele prosseguiu: “E você, onde concentrou os seus esforços?”. Disse que na condução do mosteiro, com as suas múltiplas questões administrativas. O Velho explicou: “Aceite que o Caminho nunca será uma batalha contra os outros, mas consigo mesmo. Eis o ponto de partida”. 

“Contudo, não basta arrumar a sala, limpar os quartos e cozinhar. Não se dirige lugar nenhum de modo satisfatório sem aconchegar os corações aflitos que ali fazem morada”. Fez uma breve pausa e continuou: “Isto serve para todas as relações, das mais íntimas ao gerenciamento de grandes corporações. Muda-se tamanho da escala, mas o essencial é inalterável”. 

“Não significa que temos a obrigação de resolver o problema de ninguém, pois apenas cada um poderá desmanchar o nó emocional ou existencial que existe dentro de si. Aliás, onde existe obrigação não costuma haver amor. Amor exige comprometimento. Obrigação é uma imposição; comprometimento é uma escolha”.  

Piscou um olho e fez uma pergunta que não necessitava de resposta: “Entende a razão de não existir amor sem liberdade?”.

E voltou à questão: “Somos livres para iluminar o caminho de quem está perdido na escuridão e abraçar aquele que não mais acredita na realidade do amor. A maior parte deles nem ao menos sabe que está sem rumo; apenas sofre e, por isto, se entristece e lamenta; outros, reclamam e brigam. Quando encontram percepção e sensibilidade do outro lado, se encantam, se levantam e se animam em prosseguir. É como se encontrassem abrigo para que possam se aquecer do frio existencial. Acredite, não há inverno mais rigoroso”. Eu quis saber como fazer. Ele sorriu e perguntou: “Qual o primeiro mandamento da Lei Maior?”. Sem entender o nexo do seu raciocínio, recitei que era amar a Deus sobre todas as coisas. O Velho deu de ombros como quem fala o óbvio e disse: “É isso”. 

Antes que eu pedisse para ele explicar melhor, o Velho me lembrou que estava na hora da aula do Shiure os alunos me esperavam. Afinal, o mosteiro voltara à normalidade. Ao entardecer, encontrei o Velho na cantina se deliciando com uma fatia de bolo de aveia e uma caneca de café. Ao me ver, fez um gesto para eu me sentar ao seu lado. Aproveitei para perguntar sobre o nexo entre amar a Deus sobre todas as coisase a capacidade de suavizar a aspereza dos relacionamentos. O Velho explicou: “Em primeiro plano, deixe de perceber Deus como um personagem antropomórfico, ou seja, com formas humanas. Creia, ainda somos uma espécie cósmica na rabeira da evolução. Por qual razão Deus se pareceria conosco no sentido de ter uma prisão corpórea se pode fluir na esteira da vida como energia vibrante de criação e ordenação do universo? Pare de teimar em olhar para Deus como se fosse uma pessoa. Veja-o como um conceito. Real e atuante, mas um conceito para simplificar o que ainda não podemos entender. Sei que é difícil aceitar essa ideia, pois as bases aristotélicas do pensamento ocidental se fundem em um mundo inteligível, onde tudo pode restar entendido e explicado. O contrário disto fere o nosso orgulho e vaidade. No entanto, o oceano não cabe dentro de uma garrafa”. Apontando para a cabeça e para o peito, acrescentou: “É preciso, aos poucos e a cada dia mais, expandir o vasilhame para caber infinitos conteúdos”. 

Interrompi para lembrar que, conforme ensinam os textos sagrados, somos a imagem e semelhança de Deus. O Velho franziu as sobrancelhas e concordou em parte: “Sim, mas não em corpo. Avançamos para ser a Sua imagem e semelhança em consciência e amor. O que nos traduz e nos revela é a nossa essência. Daí a importância de ir ao encontro de si mesmo, de termos ego e alma em uma mesma sintonia de percepção e sensibilidade para reverberar em Luz”.

Eu quis saber como viver aquela teoria na prática. O Velho arqueou os lábios em leve sorriso como se já esperasse por aquele questionamento e explicou: “São muitas escolhas durante um único dia. De um lado estão os interesses da existência e do outro os valores da vida. Os argumentos do ego ou as razões da alma? O conforto do corpo ou a evolução do espírito? Os privilégios pessoais ou as necessidades coletivas? A manutenção da mágoa ou a renovação pelo perdão? O esgotamento pelo orgulho ou o crescimento pela humildade? As pedras ou os pássaros? Estas perguntas estão ocultas no âmago de todas as escolhas. Sem exceção”.

 “Cada escolha revela a sua percepção e a sensibilidade. Portanto, o quão sagradas elas são. Assim, o equilíbrio e a harmonia no viver, as plenitudes do ser. Estabelece o quanto da sabedoria e do amor Dele se fazem presentes através das nossas mãos e das nossas palavras”.  Olhou-me com resignação e revelou: “Não há outro acesso à Luz”. 

Em seguida, ensinou: “Escolha sempre em respeito ao espírito em evolução que você verdadeiramente é”.

“A Luz se origina a partir desta escolha primordial”.

“Nada faltará a você nem em você. O seu melhor também estará no mundo”.

“Essa é a aplicação palpável do primeiro mandamento da Lei Maior. Tudo mais são somente comentários”.

“A primeira boa consequência é a diminuição das aflições típicas do mundo. Ao entender sobre as conquistas, a busca se altera. Você gostará mais de conviver consigo, pois conhecerá o poder de alterar a própria realidade, sem projetar as suas insatisfações nas outras pessoas. O real será somente as suas experiências intrínsecas, pois são as portas das transmutações. Isto concederá a você um poder incomensurável, uma riqueza que ninguém poderá tomar ou roubar, salvo com a sua permissão. O medo desaparecerá por não mais encontrar razão para existir, afinal, você resgatou as rédeas da sua vida. Se o medo é a mola-mestra dos sofrimentos, sem ele restarão alegria e clareza aos seus dias. Então, não fará diferença se você dirige um império, administra o mosteiro, cuida da sua família e amigos ou se é apenas você com você mesmo. Não importa nem mesmo se você é ateu ou religioso. O amor à Deus se expressa em crescente percepção e sensibilidade”.

            Diante daquelas explicações, eu tinha um questionário para apresentar ao Velho, mas ele pediu licença para se levantar. Estava na hora das suas orações. Observei ele se afastar com os seus passos lentos, porém, seguros.

Imagem: Kostantin Khrustov – Dreamstime.com

7 comments

Andre Menezes maio 24, 2020 at 4:28 am

Obrigado, como sempre, tudo que eu precisa ouvir no momento mais oportuno, parece até que esse blog giro em sincronia com o mundo!

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Fernando Cesar Machado maio 25, 2020 at 7:50 am

Gratidão profunda e sem fim a você irmão das estrelas e ao Velho, que saudade do Velho diga-se de passagem…

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Michelle maio 25, 2020 at 9:44 am

Obrigada ! Seus textos me ajudam muito .

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SCHWEITZER maio 28, 2020 at 5:13 am

Fantástico.

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Terumi maio 30, 2020 at 7:19 pm

Gratidão! 🙏

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Adélia Maria Milani junho 1, 2020 at 7:53 pm

Gratidão 🙏🙏⭐⭐⭐✳️🦋🦋

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Viviane Barbosa junho 3, 2020 at 9:05 pm

Gratidão por esse texto incrível e com certeza fez diferença em minha vida!!!
Paz Profunda e luz a todos nós!

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