MANUSCRITOS IV

Você sabe o que fazer?

“Eu não sei o que fazer”, disse a mulher. As duas amigas dividam um sofá em uma cafeteria. Eu tinha me sentado em uma poltrona próxima. Elas deveriam ter cerca de trinta anos e estavam vestidas formalmente. Percebia-se que tinham se permitido alguns minutos durante o horário de trabalho para conversarem um pouco. Uma era loira; a outra, morena. Esta era quem relatava a sua angústia. Eu tinha ido de metrô do aeroporto direto para essa cafeteria, onde costumava encontrar a minha filha, que estudava no campus universitário em frente. Era um costume nosso encontrarmos naquele lugar, antes mesmo de eu ir ao hotel, quando viajava até a cidade que ela morava para visitá-la; um ritual simples, porém nosso. Os rituais, muitas vezes nem nos damos conta, são muito bons para criar identidades e costurar os laços de amor entre as pessoas. O estabelecimento tinha um bom movimento. Pedi uma xícara de café e, atrapalhado com a mala que levava, procurei um lugar para sentar, apenas encontrando bem perto dessas duas amigas. Foi inevitável ouvir a conversa, até porque a morena estava aflita, como quem está perdida diante de uma das muitas bifurcações impostas pela existência. Embora se percebesse que ela tentava se controlar, o seu tom de voz estava ligeiramente alterado em razão de algum descompasso emocional.

Ainda faltavam uns vinte minutos para a minha filha chegar. Eu saboreava um maravilhoso café, quase cremoso, feito por uma jovem e bonita barista, repleta de tatuagens e piercings. A mulher morena seguia explicando à sua amiga os motivos da aflição que abalara a sua tranquilidade. Ela tinha descoberto um desvio de dinheiro praticado por um colega na empresa em que trabalhava. Era uma quantia considerável. Antes de relatar o caso à diretoria, havia procurado o colega para conversar. Achava uma atitude sensata, uma vez que trabalhavam no mesmo departamento havia algum tempo. Pelo o que eu pude entender, John era nome dele. Um homem da mesma idade dela, culto e sensível. Era muito bem quisto por todos na empresa. Tinha sido uma surpresa para ela; seria uma decepção para todos.

Marcaram de almoçar para conversarem com calma. Então, uma surpresa ainda maior. A mulher disse para o John que descobrira o desfalque e que, se ele próprio não o fizesse, ela iria comunicar os fatos aos diretores da empresa naquele mesmo dia. Ela estava lhe dando uma chance de se redimir. O colega a ouviu sem dizer palavra. Ao final, pediu ao garçom que cancelasse o pedido do almoço e que ela fizesse a gentileza de o acompanhar. A levou a um hospital especializado no combate ao câncer infantil. A sua sobrinha estava internada lá e o dinheiro desviado teve a finalidade de custear o tratamento. John lhe disse que nunca furtara nada e sabia que estava errado. Mas não foi forte o suficiente para resistir a tentação; ou, visto por outro ângulo, foi forte o suficiente para enfrentar a própria vergonha e tentar salvar a menina. Pediu a colega que nada contasse e prometeu que, se algum dia conseguisse ganhar uma soma de dinheiro equivalente, devolveria à empresa. Acrescentou que, se ela relatasse os fatos, seria demitido e, pior, dificilmente conseguiria um emprego equivalente. Confessou precisar muito daquele trabalho, não apenas pelo dinheiro, mas estava formado havia poucos anos e alimentava muitos sonhos profissionais, inevitavelmente abatidos, se constasse um desfalque financeiro em seu currículo.

A amiga ouvia com os olhos marejados. A morena prosseguiu: “De outro lado, eu sou uma das pessoas responsáveis pela contabilidade da firma. Existe uma relação de confiança entre mim e a direção. Um elo que não pode se quebrar. No mais, tenho um compromisso ético comigo mesmo. Relatar os fatos talvez demonstre insensibilidade da minha parte; encobrir os atos do John seria desonesto com a empresa. Além de eu estar conivente com a fraude e a mentira. Eu seria a sua cúmplice”. 

A loira quis saber o que a amiga faria.  A morena também tinha o rosto molhado, engoliu em seco e revelou: “Eu fiz”.  Após uma pausa breve e disse: “Contei tudo à diretoria ontem”. Olhou profundamente para a amiga e prosseguiu: “Hoje cedo, acordei com a notícia do suicídio do John. Ele não suportou”.  

E começou a chorar de soluçar.

A loira tentava consolar a amiga. Para piorar a situação, a morena contou que quando chegou na empresa, foi recebida com olhares de censura pela maior parte dos funcionários, que a culpavam pela morte do John. Ela se sentia deslocada e sem ambiente no trabalho. “Estou me sentindo a pior das criaturas”, confessou.

As duas mulheres eram somente um pouco mais velhas dos que as minhas filhas. Fiquei sensibilizado com a história. Esperei que os olhos da morena encontrassem os meus. Quando ela percebeu que eu a olhava, indagou: “Você ouviu?”, quis saber. Balancei a cabeça afirmativamente. “Está com pena de mim?”, tornou a perguntar. Eu lhe disse que não. “Por que me olha, então? Também está me censurando?”, se sentiu acuada. “De jeito nenhum”, respondi. Em seguida, contra-ataquei: “Você aceita um abraço? Quero oferecer o meu coração para atenuar a sua dor”, expliquei. Foi a vez da moça balançar a cabeça dizendo que sim.

Dei-lhe um forte e demorado abraço. A ponto de as suas lágrimas molharem a minha camisa. Sem jeito, ela pediu desculpas. Sorri para ela e disse: “Isso nunca será um problema”. Ela perguntou se eu me referia à camisa molhada. Eu esclareci: “Falo do problema que lhe aflige, aliás, serve para todos os problemas. Aprendi com um velho monge que o problema nunca será um problema, salvo se não soubermos como reagir diante da situação”.

A morena me perguntou se eu achava que ela tinha agido errado em denunciar o John. “Não”, respondi. Ela voltou a questionar: “Então você acha que agi corretamente”. Dei de ombros e murmurei: “Também não”. 

Ela voltou a falar que as pessoas a culpavam pela morte do John. Quis saber se eu também pensava assim. Fui claro: “Com certeza, não”. A moça disse que não me entendia. Eu esclareci: “Foi uma situação na qual ninguém mais a viveu, apenas você. O dilema era seu; quem caminhava na tempestade era você. Logo, nem eu nem ninguém temos o direito de criar tribunais existenciais. Tampouco, você deve aceitar o papel de ré que tentam lhe impor. Entenda que não há a necessidade de julgamentos, seja por você, seja pelo mundo”. 

Bebi um gole do café; tinha esfriado. Ofereci-me para pegar mais para todos nós. Elas aceitaram. A mesma barista, aquela jovem repleta de tatuagens e piercings, me entregou uma bandeja com três xícaras fumegantes. Quando fui pagar, ela me disse que não precisava. Disse que não sabia o motivo, mas de longe era solidária às lágrimas da morena. Agradeci e me sentei com as moças. Apresentamo-nos. A Loira se chamava Liz; a morena, Beth. Elas pediram para eu me explicar melhor. Aceitei o convite e afirmei sem nenhuma dúvida: “Você não matou o John. Você não o convenceu a pular do terraço, não o empurrou para os trilhos do metrô, nem o persuadiu a tomar uma overdose de calmantes. A decisão de se matar foi única e exclusiva dele. Assim como foi dele a escolha por desviar os fundos da empresa em uma atitude muito nobre, vale ressaltar, para custear o tratamento da sobrinha”. Beth me interrompeu e ponderou sob o argumento de que, se a atitude de John tinha sido nobre, a dela foi mesquinha.

Tornei a discordar e ampliei o raciocínio: “Podemos considerar a atitude de John nobre por alguns bons motivos. Acima de todos, John foi ético”. Foi a vez de Beth discordar. Ela sustentou que o gesto dele era nobre por estar revestido em generosidade e misericórdia. Ele colocou em risco a sua reputação e o futuro profissional na tentativa de salvar a sobrinha. No entanto, a fraude tinha sido um erro. Era um delito; logo, antiético”.

Expliquei a elas como eu pensava: “A ética pouco, ou mesmo nada, tem a ver com as leis. A ética habita um universo além dos crimes. Por isto a ética é perigosa no sentido de transformar e conceder poder à vida de uma pessoa”.

“A ética é um interesse antigo da humanidade. Os gregos clássicos a discutiram profundamente. Espinosa, um filósofo racionalista, lhe dedicou um livro. Os metafísicos também a tratam com cuidado e carinho em razão da sua importância, pois fala da reestruturação de valores e da aquisição de virtudes para uma melhor condição existencial. Algumas correntes religiosas sustentam que a ética é primordial à evolução espiritual”. Bebi um gole de café e acrescentei: “John foi ético. A generosidade e a misericórdia, as quais se referiu, faziam parte do código de ética pessoal do John”.

“A ética navega sobre um eixo consciencial: saber o que quero para mim e aquilo que não quero. Sendo que aquilo que quero para mim, faço também pelos outros; o que não quero, me recuso a praticar. Não importa o que digam as leis, os olhares de censura ou os discursos de aplausos; as ideias preconcebidas, os padrões sociais e as regras culturais”. 

“A ética é a escolha atrelada ao nível de consciência e capacidade de amar. Portanto, ela muda de um indivíduo para outro e, até mesmo, em uma mesma pessoa, na medida das suas transformações ao longo da vida. Espinosa dizia que não devemos rir ou desprezar as atitudes alheias. Antes, devemos compreender os seus motivos.” 

“O John tomou a atitude que achou correta; contudo, não teve maturidade suficiente para lidar com os inevitáveis efeitos. Cada escolha corresponde a uma responsabilidade”. 

“No entanto, embora seja inegável a beleza da generosidade de John, faltou a ele a coragem necessária para enfrentar as consequências. As virtudes se complementam em equilíbrio como método eficiente de aprimorar as escolhas e fortalecer o ser”. 

“Transferir responsabilidade é uma sombra; exigir que os outros nos acompanhem é outra sombra muito comum. Ambas oriundas do medo. Um código de ética aprimorado exige muita compaixão, humildade, firmeza e coragem, além de amor, é claro, por parte do seu portador. Quanto mais digno e livre ele for, menos aceitação terá por parte daqueles que ainda não entendem o seu alcance. Será preciso enfrentar esta falta de compreensão do mundo com maturidade. Esta é a raiz da paz. Toda a força que alguém precisa o aguarda dentro de si”. 

Beth admitiu que duvidava da minha coerência. As atitudes, dela e do John, foram antagônicas. Se eu sustentava a ética do John, indiretamente afirmava que ela tinha sido antiética. Logo, os colegas tinham razão em culpá-la pela morte dele. Ela o tinha colocado em posição vexatória. Balancei a cabeça e expliquei: “Está havendo um erro de premissa que a leva a uma conclusão equivocada. Uma coisa nem sempre anula a outra em oposição. Temos que aprender a pensar sem maniqueísmos, na superada fórmula de dividir o mundo entre heróis e vilões. Isto, além de um erro, torna a vida muito chata, rasa e pesada.” 

Bebi um gole de café, antes que esfriasse de novo, e esclareci: “Beth, você também foi ética. Embora se sensibilizasse com os belos motivos do John, achou que não podia arcar com o ônus moral de esconder o malfeito dele. Entendia que esta atitude a tornava cúmplice da fraude e se negou a compactuar com o delito. Havia o compromisso assumido quando aceitou o cargo; a sua honestidade também é uma virtude. Sem esquecer que foi concedida a ele a oportunidade de procurar os diretores para tentar resolver a questão, sem a necessidade de que você o denunciasse. Ele teria saído fortalecido se assim o fizesse, principalmente perante a si mesmo”.

“Mas John se recusou ao enfrentamento. Talvez em razão de não estar pronto para isto; fato que não pode ser atribuído a você. De outro lado, você agiu de acordo com os seus conceitos morais; decidiu em razão dos compromissos profissionais assumidos e a sua capacidade de arcar com as consequências dentro da empresa. Sim, caso tivesse acobertado o John e fossem descobertos por outro funcionário, também restaria responsabilizada pelo desfalque. Tanto você quanto o John agiram de acordo com os seus limites e valores. Ambos foram éticos”. 

Beth levantou outra hipótese: “Caso eu entendesse diferente e decidisse proteger o John, mesmo sob o risco de restar equiparada a ele, eu continuaria sendo ética?”. Respondi de imediato: “Se a convicção necessária para a escolha estivesse harmonizada entre a mente e o coração, a resposta é sim”.

Ela olhou por alguns segundos para a rua através da vidraça da cafeteria, voltou a olhar para mim e concluiu: “Apenas John é responsável por sua morte. Ninguém mais”.

Eu a lembrei do mais importante: “John teve um problema porque não soube enfrentar os efeitos da sua escolha. Você também terá um problema se não entender como deve reagir as consequências da sua decisão”. 

Veio a inevitável pergunta. Ela quis saber como deveria reagir aos olhares e comentários de censura dos colegas de trabalho. Eu não titubeei: “Com ética”. 

Ela me olhou assustada como se eu fosse doido. Eu sorri. Em seguida a provoquei com o intuito de esclarecer o meu raciocínio: “Você sabe o que fazer com você mesma?”. Atônita, não respondeu. Eu expliquei de maneira que não restasse dúvida: “Esta é uma questão inconsciente na maioria das pessoas. Não sabem o que fazer delas. A ética me mostra, não apenas a pessoa que sou, mas me ensina a chegar naquela que quero ser. A ética é o exercício das virtudes aplicadas à vida. Ela me ensina muito sobre o amor”.

Beth confessou não ter certeza se conseguiria superar a condenação imposta por parte dos colegas. Eu expus o meu jeito de pensar: “Entenda que todo julgamento público é vil e covarde. Analisam sem conhecimento e critério. Julga-se alguém com facilidade quando se tem dificuldade para entender a si mesmo. Negue-se a participar desse triste espetáculo; você tem esse direito”.

“Jamais permita que a escuridão do mundo apague a sua luz”. 

“Lembre que devemos saber o que queremos e o que não queremos para nós. A ética é este trilho; as virtudes são a locomotiva que impulsionam o vagão da vida”. 

“Não esqueça que você agiu dentro dos seus parâmetros de consciência e amor. Neste momento, tomou uma decisão sincera na sua relação consigo e honesta com o mundo. O entendimento quanto à amplitude desses conceitos pode mudar? Claro! Assim como todos, você está em pleno processo evolutivo e, para isto, passará por inúmeras transformações. Devo me sentir culpada se amanhã eu pensar diferente do que penso agora? Não. Pois neste instante você oferece o seu melhor, está no limite da sua capacidade. Por ora, apenas isto importa. Todavia, tenha consigo o compromisso de sempre tentar fazer diferente e melhor em uma próxima oportunidade. Portanto, perdoe aqueles que não a conseguem entender”.

“Dentro de cada pessoa existe um guerreiro e um monge. O encontro deles cria o mestre. Por isto a necessidade das infinitas transformações até o perfeito equilíbrio entre quais das virtudes aplicar em cada caso, pois existe a hora do sime o momento do não. Acredite sempre em você, pois no seu âmago estão guardadas todas as respostas das perguntas sem fim. Portanto, nunca deixe de confiar em si”.

“No mais, siga em frente. Lamentos, culpas e bate-bocas levam à estagnação; isto, sim, é um erro. A vida exige movimento. Sem avanço não há luz”.

Ficamos um tempo sem dizer palavra, apenas nos olhando. Beth deu um suspiro profundo e, em seguida, um lindo sorriso. Falou que aquela conversa tinha tirado um enorme peso das suas costas. De fato, as feições do seu rosto estavam mais leves. Eu pisquei um olho, como quem vai brincar, e insisti: “Você sabe o que fazer consigo?”. Ela tornou a sorrir e respondeu: “Algumas coisas eu sei, outras ainda não. Das que eu sei, uma jamais vou esquecer: nunca deixarei que a escuridão do mundo torne a apagar a minha luz”.

Liz, satisfeita com a ânimo renovado da amiga, lhe deu um beijo no rosto. Quando voltamos a beber o café, tinha esfriado de novo. Rimos. Neste momento, a minha filha entrou na cafeteria. Trocamos um abraço apertado. Tinha quase um ano que eu não a via. Apresentei ela à Liz e à Beth. Conversaram um pouco sobre amenidades, mas tínhamos que ir embora. Nos despedimos sem saber se algum dia voltaríamos a nos encontrar. Esta é a parte que cabe à magia da vida.

Quando estava saindo, a barista, aquela moça repleta de tatuagens e piercings, me entregou um copo descartável com café fresco e disse que era porque o da xícara tinha tornado a esfriar. Mais uma vez, não quis me cobrar. Alegou que já estava pago. A minha filha estranhou e perguntou quem era a moça. Eu expliquei: “É um anjo. Eles sempre andam disfarçados”. 

Já na calçada, pela vidraça da cafeteria, avistei a Beth pela última vez. Ela olhava para mim. Ela movimentou lentamente os lábios para que eu entendesse as suas palavras. Era um resumo daquela conversa: “Perdoe, confie em si e siga em frente”.     

14 comments

Fernando Machado abril 12, 2019 at 6:58 am

Gratidão profunda e sem fim Yoskhaz, sem fim…

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Paulo Dick abril 12, 2019 at 2:29 pm

Baaah! Lição por demais gratificante!!

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Edilamar abril 13, 2019 at 6:44 am

Amo receber esses textos, fazem para minha alma um oásis que me fortalece.

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Joane Faustino abril 13, 2019 at 7:52 am

Meu coração vibra de felicidade quando abro site e sei q vou aprender mais um pouquinho… gratidão ❤️🌹

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Gustavo Henrique abril 13, 2019 at 10:50 am

Ler seus textos é um ritual diário pra mim. Muito obrigado.

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Adélia Maria Milani abril 14, 2019 at 8:24 pm

Gratidão! ♡ ☆ ♡ ♡ ♡ ♥

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Leandro Moller abril 15, 2019 at 2:54 pm

Profundo! Belo texto!

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Karllus abril 16, 2019 at 8:39 am

Ela era um anjo! Pela intensidade que a essa frase me atingiu, trazendo num instante repentino em que ouvi, um desatar de choro, uma explosão de sentimento. Rsrsrs grato!

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Haian abril 16, 2019 at 10:36 am

Textos sagrados, obrigado pela energia!
Gratidão!

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Haian abril 16, 2019 at 10:38 am

Obrigado por compartilhar a luz com nois!

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Bruno Mendes Czenczel abril 16, 2019 at 4:24 pm

Já estou aguardando o próximo, Yoskhaz é meu mestre.

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Bruno Czenczel abril 16, 2019 at 4:36 pm

Yoskhaz é meu mestre muito obrigado….

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Juliana abril 17, 2019 at 10:01 am

A hora do sim e o momento do não………………

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Campos Márcia abril 20, 2019 at 6:24 pm

Perdoar
Confiar
Seguir
Agradecer

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